A história

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''Porque quando alguém nos ama, a gente tem um lar, fora de casa, fora da gente, para onde podemos recorrer em momentos ruins. Lar podem ser pessoas.''
Sinopse: Em 'Órfãos dos Sonhos', cinco almas - Sun, Martina, Aurora, Filippo e Golda - são unidas por um destino misterioso. Cada um deles carrega o fardo de sonhos despedaçados, traumas profundos e insidiosas tempestades. Quando suas vidas se cruzam, eles descobrem um elo extraordinário: o poder das amizades sinceras como refúgio e salvação e a qualidade talismânica que uma música favorita, um encontro precioso ou um tradição compartilhada podem significar para a juventude.
 
 
 

Principais Críticas

Entre Enredos e Emoções (via Jout/Skoob)

"Órfãos dos Sonhos", a obra envolvente de Vini Birkheuer, mergulha o leitor em uma trama repleta de impacto e emoção, revelando as intricadas histórias de cinco personagens em um cenário que mescla o absurdo e o clichê, mas que é contado com uma profundidade que ecoa na realidade cotidiana.

A narrativa se desenrola em torno de Sun, um adolescente com raízes indígenas, cuja jornada de autodescoberta o conduz a redimir-se dos erros do passado, especialmente do cyberbullying praticado contra Martina, uma jovem que se vê grávida sem saber ao certo quem é o pai de seu filho. Determinado a reparar seus erros, Sun une forças com Golda, uma professora enlutada que busca preencher o vazio de sua perda ao se envolver na vida de seus alunos como se fossem seus próprios filhos.

A trama também apresenta Aurora, uma nova aluna assombrada pelo estresse pós-traumático, encontrando apoio em Filippo, o reservado filho renegado do prefeito. O enredo, por vezes absurdo e clichê, é, no entanto, entrelaçado com uma sinceridade que faz com que cada palavra ressoe como uma possibilidade genuína, reflexo dos eventos que ocorrem diariamente.


A narrativa, escrita de maneira única no formato de roteiro de cinema, inicialmente pode parecer desafiadora, mas aos poucos, o leitor se entrega a cada episódio, que se revela como uma enxurrada de novos acontecimentos, mantendo o interesse e a curiosidade.


O livro não apenas se destaca pela trama envolvente, mas também pelo cuidado meticuloso em seu design. Cada detalhe é pensado, permitindo que o leitor mergulhe ainda mais fundo na história. A possibilidade de conhecer as personalidades e signos dos personagens adiciona camadas de compreensão, aproximando o leitor ainda mais da complexidade de suas vidas.


A inclusão de músicas ao longo da narrativa contribui para a sensação de imersão, transformando a leitura em uma experiência que se assemelha a acompanhar uma série, onde cada capítulo desencadeia uma trilha sonora única.


"Órfãos dos Sonhos" transcende as barreiras entre ficção e realidade, oferecendo uma experiência literária que não apenas entretém, mas também ressoa com a autenticidade das experiências humanas. Em suas páginas, encontramos uma obra que captura o coração do leitor, explorando temas universais com uma narrativa que transcende as convenções, deixando uma marca duradoura.

 

Eis que Manoel Carlos decide escrever Malhação (Via Débora / Skoob)

Órfãos dos Sonhos proporciona uma experiência narrativa cativante que se desenrola por meio de uma série de episódios interconectados. Desde o primeiro episódio, somos apresentados a uma gama de personagens complexos, cada um contribuindo para a riqueza da narrativa.


A força do enredo reside na habilidade do autor em criar um mistério intrigante desde o início, mantendo o leitor ansioso para desvendar os eventos que foram apenas insinuados no episódio inicial. A relação entre Sun e sua avó Berta é um ponto emocionalmente tocante, adicionando uma dimensão humana à história.


A diversidade de personagens e suas tramas entrelaçadas proporciona uma rica tapeçaria de eventos, mantendo o leitor engajado e ansioso por descobrir mais sobre as vidas entrelaçadas. A narrativa explora temas sensíveis, como bullying, relacionamentos complexos e traumas, oferecendo uma abordagem sensível e realista.


Os episódios subsequentes aprofundam os conflitos e desenvolvem as relações entre os personagens, revelando camadas mais profundas de suas personalidades e motivações. O autor cria habilmente elementos de suspense, romance e drama, mantendo o equilíbrio entre esses elementos para contar uma história envolvente.


A trama atinge seu ápice com o episódio do ataque à escola, proporcionando um momento impactante e com alto teor de absurdismo que deixa o leitor em suspense. A forma como a narrativa lida com as repercussões do evento, explorando as reações dos personagens e seu processo de cura, demonstra sensibilidade e empatia.


Além disso, a narrativa aborda questões sociais relevantes, como bullying, discriminação e violência, proporcionando uma reflexão sobre esses temas cruciais. 


Em síntese, este livro é uma obra que merece elogios pela sua capacidade de criar uma narrativa divertida, sombria e envolvente, explorando temas relevantes e apresentando personagens cativantes como Sun Suominen, Berta Suominen, Golda Obinger e Martina Martre. É um mar de adolescentes, com diálogos primorosos.

''Mas não se esqueça, nem por um minuto, de que qualquer marca feita na gente, só tem o poder de nos definir se deixarmos isso acontecer. (...) Nada pode deter seu coração se ele é obstinado.''

Viva a Literatura Brasileira Independente! (Via Lucas / Skoob)

Desde o início até o desfecho, o romance Orfãos dos Sonhos se revelou simultaneamente intricado e vigoroso na exploração das emoções, ostentando uma dualidade entre a tolice e a sinceridade. Mesmo diante de alguns obstáculos, a narrativa desvelou autenticidade acerca de cada um de seus personagens. 

O livro apresenta cinco protagonistas, cada um com arcos completamente antitéticos. Ele se nutre das fontes de êxito de algumas das mais proeminentes produções midiáticas, tais como Heartstopper (assevero que Yann e Sun são reminiscentes de Nick e uma espécie de Charlie bocudo), Sex Education e The OA. A trama, embora permeada por clichês, se destaca ao adotar um formato de roteiro, conferindo-lhe um caráter singular. As ilustrações, verdadeiramente magníficas, compõem um espetáculo à parte. O fato de o autor haver empreendido a obra sozinho, sem qualquer participação editorial, justifica a intensidade com que nos imergimos nessa produção independente, permeada por imperfeições, mas enaltecida por acertos notáveis. Nutro a expectativa por uma “segunda temporada”, ansioso para saber o que acontece depois da aparente paz de tempestade.